O SURGIMENTO DA UMBANDA
Foi na primeira década do século
XX que se teve as primeiras notícias sobre as casas dessa religião genuinamente
brasileira que consegue agregar elementos das três religiões da nossa matriz
étnica: do índio, traz o culto aos caboclos e aos espíritos dos antepassados;
dos africanos, o culto aos orixás, aos ancestrais; do europeu, a presença do
espiritismo como meio de comunicação com os mortos. Dessa síntese, tem-se os
primeiros cultos da Umbanda. Uma religião que traz uma mistura de outras
religiões, um pouco de cada coisa, como atesta Prandi (1991, p. 49): A Umbanda
que nasce retrabalha os elementos religiosos incorporados à cultura brasileira
por um estamento negro que se dilui e se mistura no refazimento de classes numa
cidade que, capital federal, é branca, mesmo quando proletária, culturalmente
européia, que valoriza a organização burocrática da qual vive boa parte da
população residente, que premia o conhecimento pelo aprendizado escolar em
detrimento da tradição oral, e que já aceitou o Kardecismo como religião, pelo
menos entre setores importante fora da igreja católica. Ainda segundo o autor,
foi no Rio de Janeiro que surgiu o primeiro centro de umbanda:
É no Rio de Janeiro, meados de
1920, que é fundado o primeiro centro de umbanda, que teria sido como
dissidência de um Kardecismo que rejeitava a presença de guias negros e
caboclos, considerados pelos kardecistas mais ortodoxos como espíritos
inferiores (PRANDI, 1991, p. 50). A Umbanda relaciona-se assim, desde o início,
a práticas religiosas de diversas origens, incluindo o espiritismo Kardecista
de origem europeia que, ao chegar ao Brasil, acabou se envolvendo com as
religiões afro-brasileiras a ponto de se confundir com as 34 mesmas. Como
afirma Berkenbrock (1997, p. 143) “O espiritismo tanto influenciou em muitos
aspectos as religiões afro-brasileiras, como também estas influenciaram
fortemente o espiritismo praticado no Brasil”.