terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A CONQUISTA DE OBALUAÊ

Obaluaê conquista Daomé
Um dia Obaluaiyê saiu com seus guerreiros, ia em direcção à terra dos mahis, no Daomé. Obaluaiyê era conhecido como um guerreiro sanguinário, atingindo a todos com as pestes, quando estes se opunham a seus desejos.
Os habitantes do lugar, quando souberam de sua chegada, foram em busca de ajuda de um adivinho, ele recomendou que fizessem oferendas, com muita pipoca, inhame pilado, dendê e todas as comidas de que o guerreiro gostasse, pipocas acalmam Obaluaiyê, disse que seria aconselhável que todos se prostrassem diante dele, assim o fizeram.
"Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!"
"Respeito! Silêncio!"
Obaluaiyê, satisfeito com a sujeição daquele povo, os poupou declamou que a partir daquele dia viveria naquele reino, assim o fez e em pouco tempo o país tornou-se próspero e rico.
Obaluaiyê recebeu nas terras mahis o nome de Sapatá, mesmo assim era preferível chamá-lo de Ainon, senhor das Terras, ou Jeholu, senhor das pérolas.
Esses diferentes nomes foram adoptados por famílias importantes, mas infelizmente provocaram desentendimentos entre elas e os reis do Daomé. Muitas vezes as famílias de Sapatá foram expulsas do reino e, em represália, muitos reis daomeanos morreram de varíola.
Tanta discórdia provocou seu nome, que hoje ninguém sabe mais qual o melhor nome para se chamar Obaluaiyê.

XAPANÃ

Xapanã ganha o segredo da peste na partilha dos poderes

Olodumarê, um dia decidiu distribuir seus bens.
Disse aos seus filhos que se reunissem e que eles mesmos repartissem entre si as riquezas do mundo. Ogum, Exú, Orixá Ocô, Xangô, Xapanã e os outros orixás deveriam dividir os poderes e mistérios sobre as coisas na Terra.
Num dia em que Xapanã estava ausente, os demais se reuniram e fizeram a partilha, dividindo todos os poderes entre eles, não deixando nada de valor pra Xapanã. Um ficou com o trovão, o outro recebeu as matas, outro quis os metais, outro ganhou o mar. Escolheram o ouro, o raio, o arco-íris; levaram a chuva, os campos cultivados, os rios.
Tudo foi distribuído entre eles, cada coisa com seus segredos, cada riqueza com o seu mistério. A única coisa que sobrou sem dono, desprezada, foi a peste. Ao voltar, nada encontrou Xapanã para si, a não ser a peste, que ninguém quisera.
Xapanã guardou a peste para si, mas não se conformou com o golpe dos irmãos. Foi procurar Orunmilá, que lhe ensinou a fazer sacrifícios, para que seu enjeitado poder fosse maior que o do outros. Xapanã fez sacrifícios e aguardou.
Um dia, uma doença muito contagiosa começou a espalhar-se pelo mundo. Era a varíola. O povo, desesperado, fazia sacrifícios para todos o orixás, mas nenhum deles podia ajudar. A varíola não poupava ninguém, era uma mortandade. Cidades, vilas e povoados ficavam vazios, já não havia espaço nos cemitérios para tantos mortos. O povo foi consultar Orunmilá para saber o que fazer. Ele explicou que a epidemia acontecia porque Xapanã estava revoltado, por ter sido passado para trás pelos irmãos. Orunmilá mandou fazer oferendas para Xapanã. Só Xapanã poderia ajudá-los a conter a varíola, pois só ele tinha o poder sobre as pestes, só ele sabia os segredos das doenças.
Tinha sido essa sua única herança. Todos pediram protecção a Xapanã e sacrifícios foram realizados em sua homenagem. A epidemia foi vencida. Xapanã então era respeitado por todos. Seu poder era infinito, o maior de todos os poderes.

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